segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Memórias de Sempre

O sol ainda brilhava e iluminava as oliveiras que desciam a encosta.
Lá ao fundo, no largo da igreja, senhor Joaquim esperava, impacientemente, o acender das luzes da praça e a chegada do Manel da taberna, seu amigo das cartadas.
Os dias na aldeia eram sempre iguais - a mesma monotonia de quem já pouco espera duma longa vida de árduo trabalho no campo.
Longe ficaram aqueles dias em que Joaquim, acompanhado pelo filho, madrugava na sua velha mula rumo à quinta dos Valadas Clemente, onde lavrava de sol a sol a troco de uns míseros tostões que mal chegavam para matar a fome à família.
Em casa permanecia Rosalinda, que milagrosamente fazia render as sopas de feijão e toucinho, que distribuía pelos sete filhos do casal, cuja falsa robustez escondia, nos seus corpos roliços, a fome de uma boa refeição.
Hoje, já nada disso restava. Tudo apenas se resumia às tristes memórias de Joaquim. Saudades de outros tempos em que, afinal, até fora feliz.
A velha quinta dos Valadas Clemente dera lugar a um enorme condomínio privado, onde carros topo de gama faziam as delícias do pobre Joaquim, que apenas conhecia a sua velha mula - que outrora também fora "topo de gama" entre as récuas da região. Nesse final de tarde de Verão, o Joaquim esperou e desesperou pela chegada do seu compincha Manel. Nas suas rugosas mãos, o baralho não tinha descanso, tal era a impaciência do dono. O acender das luzes em vez de trazer o Manel, fez ecoar as tristes badaladas dos sinos da igreja. Desta vez não era a chamada dos fies à missa das 18, hora tão esperada pelos homens que, tal como Joaquim e Manuel, se deliciavam com a passagem das moçoilas da terra.
Manel não resistira a mais uma crise da sua velha e teimosa cirrose. Agora, Joaquim permanece horas a fio no mesmo local, esperando por ninguém - sonhando com o tempo que nunca voltará atrás.
Hoje, tudo é paisagem, tudo não passa de memórias que o tempo se encarregará de emoldurar na história da Aldeia dos Sonhos.
Ana Dias 12º A

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

História do Futuro

Numa manhã de Sábado estava Carolina sentada na sua secretária quando viu através da janela um livro em cima de um banco do jardim, rapidamente desceu até lá e pegou nele. Regressou ao seu quarto e quando o abriu concluiu que se tratava de um diário. Sabendo que não estava a agir bem, mas como era muito curiosa, começou a lê­lo e verificou que pertencia a uma rapariga que vivia na mesma cidade que ela e que tinha a sua idade, dezasseis anos.
Depois de ter lido algumas páginas do diário ficou com uma grande vontade de conhecer a sua dona, pois tinham características iguais e os seus problemas eram comuns.
Carolina leu mais algumas páginas à procura de algumas indicações que a pudessem levar à proprietaria do mesmo. Uma certeza Carolina tinha, quem quer que fosse não podia estar muito longe.
Com o passar dos dias, Carolina começou a desanimar pois a tarefa de encontrar a dona do diário tinha-se tornado mais difícil do que ela julgara. Porém começou a aperceber-se que tudo o que lhe acontecia era estranhamente parecido com o que estava descrito no diário.
Primeiro pensou que esse acontecimento estava relacionado com o facto de ter a sua atenção muito centrada no diário, mas depois percebeu que tal deveria ser impossível. Os dias foram passando e Carolina continuava à procura da dona do diário mas, inexplicavelmente, continuavam a acontecer-lhe situações iguais às narradas no diário.
Com tantas coincidências, Carolina começou a desconfiar que o diário tinha qualquer coisa de mágico pois, por muito que ela tentasse alterar o rumo dos acontecimentos, elas acabavam sempre por acontecer tal como estavam no diário. Foi assim que Carolina começou a perceber que aquela era a sua vida mas, quando pretendeu ver qual iria ser o seu futuro, o que estava escrito no diário, a partir daquele momento, começou a desaparecer lentamente deixando-a na incógnita quanto ao futuro.
Com isto, Carolina concluiu que se deve viver um dia de cada vez, aproveitando a vida ao máximo.

Andreia Araújo, 12°A

domingo, 1 de fevereiro de 2009

Quando brotou, minúscula

Quando brotou, minúscula, da terra nada fazia prever no que se iria tornar: uma linda flor, suave como algodão.
Todos os dias uma presença se aproximava dela sentava-se no chão a observá-la, falava-lhe e tocava-a, sentindo a textura suave do caule ainda irrelevante. Regava-a! E voltava a falar com a pequena planta. A flor ia, graças aos cuidados dessa presença crescendo forte e saudável. Cada semana representava mais uns milímetros na sua altura! A presença foi-se tornando maior,deixou de falar com a planta mas, tal não levou a desmazelo nos cuidados para com ela prestados, pelo contrário: cada vez a tratava com mais sabedoria e lhe dedicava mais tempo.
Certo dia, apareceu um fogo lilás e verde: a flor desabrochara finalmente... Um dia largou sementes! O tempo passou... mas nem um caule brotou de novo da terra. Mas, não permaneceu intacta, cresceu em altitude e beleza.Nunca se virá uma flor tão bela.Entretanto, a presença tornou-se mais forte, como se fossem duas... Eram duas: uma igual à do princípio da vida da flor e a original!
Agora eram duas presenças cuidadosas uma plena em sabedoria outra transbordante de ingenuidade. Então, a pouco e pouco, a presença superior foi desvanecendo ...desvancendooo...Um dia desapareceu extinguiu-se. A pequena presença, que restava, dirigiu-se a planta, olhou-a, parecia-lhe agora bastante diferente: sensível, frágil.
A flor murchou,o caule foi pendendo para o lado.E, apesar de todos os esforços da sua querida presença, foi esmorecendo... Até que um dia,a presença encontrou-a completamente seca,havia morrido! Talvez pelo desaparecimento da sua cuidadora inicial,quem sabe? Ninguém! Resta-nos, apenas, divagar.
Ana Afonso 12° ano, turma A, número 5