domingo, 30 de maio de 2010

IMAGINAÇÃO... DE RAPAZ!



Passa mais um dia e estou em casa, sentada na minha cadeira de madeira a olhar pelos vidros embaciados da minha janela para a Rua do Poeta, cheia de carvalhos em tons de verde e castanho carregados de folhas.
Mais um dia fechada em casa, sozinha nesta prisão. Tenho setenta e sete anos e não vejo bem. Não tenho netos nem mesmo filhos, não casei, não tenho nenhum amado e os meus pais já estão no céu. Estou sozinha neste mundo, ninguém me quer.
Batem à porta e nesse momento um grande sentimento de insegurança surge no meu corpo suado. Não sei o que fazer. Mas quem será? Não conheço ninguém. Nunca ninguém vem visitar-me. Será alguém mau? Devo abrir a porta ou fingir que não estou cá? De repente, oiço mais uma vez: “Tuc, tuc, tuc”. A porta treme com as pancadas. Nervosíssima e cheia de medo fico calada à espera.
- Está alguém em casa? Publicidade!
Apenas a publicidade. Estou farta desta vida de insegurança, desta prisão, desta vida de velha. Quero voltar à minha juventude, ser criança, voltar a correr e a brincar. Quero conhecer outra vez o sentimento que outrora senti, olhar para o espelho e ver beleza, sentir o amor mais uma vez, alguém que me abraçasse e cuidasse de mim quando fosse preciso.
Se fosse assim tão fácil voltaria atrás na minha vida. Seria poetisa, escreveria poesia, simples, mas linda e magnífica poesia.

Autor: José Barbosa, nº12, 10ºD
Professora: Ana Lúcia Chaparro

Era uma vez


Era uma vez um grupo de amigos que vivia no mesmo bairro. Eles eram bem novos, mas as suas preocupações eram de gente crescida, e todos eles andavam cansados das tarefas infindáveis que tinham para fazer, então esses amigos juntaram-se os quatro para, por umas horas, pelo menos, relaxarem e se abstraírem. Então o Amor foi à casa da Poesia para juntos irem buscar a Juventude para irem ter à casa da Beleza, e para lá ficarem, simplesmente.
Não fazer nada ia saber muito bem, aliás, estava a saber muito bem. Os quatro amigos não faziam nada, simplesmente falavam, sobre futebol, sobre as notas da escola e sobre as férias, que ainda tardavam a chegar. Foi como se tivessem posto os seus cargos no modo stand-by ou mesmo off.
Adormeceram, e o mundo morreu.

Autor: João Pereira, nº11, 10ºD
Professora: Ana Lúcia Chaparro

terça-feira, 11 de maio de 2010

Diário (Fictício)

Manteigas, 17 de Abril de 2010


Querida Sheila,

Olá! Hoje está um belo dia lá fora: está sol, os passarinhos cantam, a minha mãe lavra a terra lá fora……….ah, o costume.

Como sabes sou uma pessoa muito lúdica, então, às 07:00h da matina estava eu a jogar xadrez com a Flora (a minha amiga imaginária) e desta vez ganhei! Não sei como, ela devia estar distraída ou assim…. Ou se calhar sou eu que estou mais aplicada! Fiquei muito feliz porque foi a primeira vez…

15:00h. Alguém bateu à porta. Pensei que fosse o meu pai que voltava do mercado com as batatas que sobraram da colheita do mês passado, mas afinal estava enganada. À porta estava um senhor com bigode. Ainda pensei que fosse da TV Cabo (sim, aqui em Manteigas ainda não existe MEO), mas ele disse que me ia teletransportar para uma visita de estudo onde a minha professora me esperava. Eu achei aquilo tudo muito estranho, mas a minha mãe obrigou me a ir, disse que queria ficar em casa com o meu pai esta noite para ver o “Quando o telefone toca”, mas cá para mim é a noite do bingo, ou a das palavras cruzadas…

16:00h. Escapei-me do cinto! A minha mãe fica um pouco assustadora quando eu não faço o que ela manda e acaba sempre por chamar o meu pai que puxa sempre do cinto.

Ora bem, entrei dentro do avião que me ia teletransportar com o senhor bigodes, mas o senhor atrapalhou-se enquanto penteava a sua bigodaça (uau! Nunca vi um bigode tão grande! Este tem quase 50 centímetros) e fomos para a um sítio completamente diferente… de nome “Damaia”. Uau! Aquilo é um espanto! Ali a gente tem umas roupas super giras!

A rapariga que eu conheci, chama-se Diolinda, disse-me que as roupas da moda agora eram a meia branca por cima das calças fato-de-treino roxas e o casaco verde fluorescente com riscas amarelas e azuis. Ah! E para não esquecer a palavra-chave: um objecto muito giro, mas que agora não me lembro do nome, era qualquer coisa como Bling-Bling ou assim… Bem, o Mr. Bigodes está a tentar arranjar a maquineta que nos vai levar finalmente para a visita de estudo e está a pedir-me ajuda. Escrevo-te amanhã amiga! Beijocas


Damaia, 18 de Abril de 2010

Querida Sheila,

Continuo na Damaia! Bem, hoje quando acordei, em vez de ver o sol a brilhar e ver a minha mãe a lavrar, acordei com um súbito barulho de disparos… Não percebi porquê. Esta gente tem ar de ser tão pacífica até andam com navalhas nos bolsos para defender essa paz, pelo menos foi o que o Celso me disse.

13:00h. Mais disparos. Deve ser o fogo-de-artifício.

13:20h. Gritos. Deve estar a dar um concerto dos Metallica.

14:00h. O Carlitos (amigo dos bigodes) está a chamar-me, já deve ter arranjado a traquitana.

16:25h. Chegámos ao nosso destino (ou pelo menos achava eu que sim…). Uau! Tanta água! Devem ser as piscinas municipais! Sheila, estou a ver uma placa. Diz…………. (começa a ler a placa) …… “praia do Ancão”. Ai, o Carlitos deve ter-se enganado outra vez! Vou voltar para a avioneta, estou com esperanças que à terceira seja de vez.

21:03h. O “C” (alcunha que dei ao Carlitos) ressona que nem um porquinho, estou a dar em louca!

21:21h. Alguém está a pensar em mim….

23:11h. Finalmente! Cheguei finalmente ao nosso destino. Uau! O meu novo visual “damaiano” está a causar furor…. As pessoas até já comentam! Isto está a dar resultado… sabes o que quer dizer “chungalhada”? Deve ser uma maneira querida de dizer “gira” não achas? Olha, estou a ver a professora Graciete a acenar-me do acampamento. Estou a ver um porquinho, ah não! Afinal é só a Caetana.

00:02h. Hora de deitar! Boa noite e até amanhã! Beijinhos


Texto de Madalena Perestrelo Morais 10º G