terça-feira, 5 de abril de 2011

Um novo começo



2010. Novembro. Foi nesse mês; nesse ano, que abri um livro sem título e com páginas em branco. Peguei numa caneta e comecei a escrever. Estava inspirada, escrevi muito. Dei-te a caneta e pedi-te que escrevesses, pedi-te que escrevesses uma continuação para que eu já tinha escrito, ainda conseguiste escrever um bocado. Com a minha escrita e com a tua juntas, conseguimos escrever dois meses e poucos dias.



Pousaste a caneta, nem tu sabes porquê, e deixaste de ter a inspiração que tinhas ao princípio. Devolveste-me a caneta e disseste que estavas cansado de escrever. Tentei ir escrevendo mais, mas já estava cansada de o fazer, já tinha escrito tanto e tu, tão pouco ... ! Decidi por um marcador na página em que tinha ficado e fechei 0 livro, pronta para o abrir num dia em que estivesse mais inspirada. Fui dormir e sonhei contigo. Sonhei que afinal ias continuar a escrever, que afinal não estavas cansado, mas acordei logo. Que ilusão! Tu, na realidade, já tinhas pousado a caneta e eu ... a pensar que ias retomar a nossa hist6ria, que ias continuar a escrever no nossa livro. Foi mesmo só um sonho.



Eu levava o livro comigo para todo o lado até que... acabei por perder o marcador e não consegui abri-lo mais. Afinal de contas, tu acabaste por perder a força que eu tinha para escrever mais! É pena.



Ah, pois e, faltava o titulo! Mas nem pensei muito, escrevi apenas "passado" e pus o livro no fundo da minha gaveta. Como é que é possível teres-me desenhado tão bem uma ferida? Não interessa, não quero que respondas, é mesmo passado, o título diz tudo.



Hoje olho para o lado. Sim, porque esta hist6ria toda que eu digo fazer parte do passado, ainda está mesmo ao meu lado, a espera que eu pegue nas minhas coisas, que vá embora e que amanhã já consiga olhar para trás, e não para o lado. Amanhã olho para trás, e depois de amanhã vais estar ainda mais distante, vou-te vendo menos. Gosto da ideia.



Aprendi. Finalmente aprendi que finais felizes só existem em contos de fadas e em histórias de encantar. Aprendi que há histórias cujo final ninguém percebe. Aprendi, acima de tudo isto, que a felicidade é um instante. A felicidade deixa de ser um intervalo de tempo quando desfazem os nossos sonhos. Tu? Desfizeste o meu. Deste um grito tão grande que acordei sobressaltada. Saltei da cama, já estava atrasada para a vida, saí de casa e ... ainda consegui apanhar o autocarro! Cheguei à vida a tempo. Continuo a ver-te, mas como te disse, acordei, e agora é tudo diferente.


  Madalena Parreira Cano de Carvalho e Meneses 11º A